segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Os Novos Políticos

A Política é uma ciência humana que é discutida desde o surgimento de pensamentos
de grandes filósofos como Platão, Comte, Maquiavel, Sócrates, Marx, Hobbes, dentre outros.
Embora, ainda hoje, sejamos influenciados diretamente pelos pensamentos políticos dos filósofos citados acima, há uma considerável mudança no pensamento político contemporâneo e, este pensamento traz consigo um poder persuasivo no que diz respeito à política cultural. Este poder de persuasão implica na formação de opiniões e pensamentos neoliberais de políticas públicas na área das culturas de matriz africana. Mas, por trás desse neoliberalismo, há um interesse camuflado de desdém – tão velado – que tenta nos fazer acreditar que a cultura de matriz africana não tem tanta riqueza rítmica, literária, melódica e, por fim, que a nossa cultura é de certa forma irrelevante.
Os novos políticos (e quando falo de políticos, infelizmente, não me refiro aos nossos parlamentares) utilizam-se de estratégicas milenares para confundir aqueles que detém a tecnologia para o desenvolvimento de uma determinada manifestação cultural, ou seja, eles encontram uma maneira de se aproximar de forma amigável e, como quem não quer nada, vai conquistando a confiança dos envolvidos no âmbito da determinada manifestação cultural, criam uma situação onde os mestres da cultura usurpada se tornam dependentes do “político”. Em sua maioria, dependentes financeiros por encontrar-se muitas vezes em situações adversas à realidade do “político”.
Uma das culturas de matriz africana que mais é usurpada pelos novos “políticos” é o Samba. Talvez, por se tratar de uma manifestação cultural riquíssima em conteúdo, implique nas várias aproximações, oportunismos, apropriação indébita, etc.
É engraçado ver uma manifestação cultural que nasce como um elemento de resistência étnica e política e que, era vista como algo marginal diante o olhar da sociedade, ao longo de algumas décadas, se transforma em algo tão importante e discutível no âmbito da “neodemocracia” da cultura burguesa.
Mas, será que esses “novos políticos” estariam falando, cantando, ou mesmo, “tocando” o nosso bom e velho samba há 40 (quarenta) anos atrás, quando a censura imposta pela ditadura reprimia os SAMBISTAS que se manifestavam no velho centro da nova cidade governada pela burguesia arcaica e opressora?
A apropriação indébita se torna, a cada dia, um fato nos quilombos periféricos de nossas cidades e, o mais engraçado é que, eles, os “novos políticos”, tentam a todo custo reproduzir o velho discurso: “o samba não é negro e sim brasileiro”!
Vejo, a todo o momento, os “novos políticos” tentando e tentando reproduzir as rodas sagradas do universo negro brasileiro e, o que me deixa um tanto confortado é que, eles podem até reproduzir algumas de nossas manifestações culturais, mas ainda assim, lhes faltará uma coisa mais do que especial. Os “novos políticos” nunca terão a nossa Essência.

Patak Ori, Asè! .