sexta-feira, 16 de novembro de 2012

TIO MARIO - A LENDA VIVA DO SAMBA PAULISTA


Mario Ezequiel, o Tio Mário, diz que é "Barrafundeiro nato”.
Nascido em 12 de Novembro na Rua Sérgio Thomás na Barra Funda de baixo comandou o movimento de samba nas Perdizes, no morro da Calábria, e é também um dos dissidentes do Cordão Campos Elíseos onde seu irmão conhecido como “Panca” foi o apitador de bateria. Tio Mario foi tocador de surdo do Cordão Campos Elíseos e ajudou Seu Inocêncio Tobias a fundar a Escola de Samba Camisa Verde e Branco e sempre diz orgulhoso que é mais velho de Samba do que a própria Escola. 
Crescido entre batuqueiros de Tambu e de sambas de umbigada de Piracicaba e Tietê, cidades natal de seus pais, as influências rítmicas e melódicas dessa cultura “afro-bantu-brasileira” estão muito presentes em suas composições.
É impossível não comparar Tio Mario aos grandes Grious da cultura afro-brasileira pois, ele sempre nos transmite através da oralidade, sabedoria e conhecimento ancestral a significativa importância da contribuição da cultura negro-africana e afro-brasileira para o processo de criação dos principais símbolos de identidade nacional que, no Estado novo de Getúlio Vargas, elege o Samba como música popular brasileira!   
Atualmente Tio Mário reside no bairro do Limão em um dos mais importantes e respeitados redutos do Samba em São Paulo a Vila Carolina onde foi um dos principais protagonistas na fundação do Bloco Carnavalesco Navio Negreiro de vila Carolina.
Tio Mario, ou Marião como também é conhecido, têm o inconfundível andamento dos sambas de "pés no chão" e sempre diz: “Na Barra Funda é a batida tradicional, não tem jeito, vem do tambu, da umbigada, do samba paulista".
As mãos negras e fortes sempre estão batendo uma na outra para marcar um ritmo de um novo samba que compôs cantarolando uma melodia enquanto os versos vão saindo: com tantas coisas belas/ com tantas coisas lindas é você/ companheira do jasmim/ foi pensando em ti/ que eu tive inspiração/ para fazer este samba canção. Neste sentido, podemos afirmar que Tio Mario é uma das joias mais preciosas que temos, não apenas no Samba, mas também, na cultura  “afro-bantu-brasileira".

“...na Barra Funda é a batida tradicional, não tem jeito, vem do tambu, da umbigada, do samba paulista". 
(Tio Mario)



T. Kaçula
(Sambista e Sociólogo)


terça-feira, 18 de setembro de 2012

INCÊNDIO NAS FAVELAS EM SÃO PAULO


E mais uma favela foi incendiada! Acidente ou higienização social?



É absurda a forma com que as justificativas sobre os inúmeros incêndios nas favelas de São Paulo são apresentadas para a sociedade brasileira. As explicações vão desde curto-circuito a velas que tombam e queimam as casas fragilizadas pela construção precária.
A favela do moinho, nome dado por estar localizada no antigo moinho do Bom Retiro na região central de São Paulo, foi vitimas de mais um lamentável “acidente” nesta manhã de segunda feira dia 17 de Setembro. Um incêndio de altíssima proporção queimou quase todos os 50% restantes do incêndio anterior que ocorreu no dia 23 de Dezembro de 2011 no mesmo local.
Para quem não conhece a localização da favela do moinho, fica nos baixos do viaduto que liga a Av. Rudge com a Av. Rio Branco no centro da capital o que, político-sociologicamente falando, do ponto de vista urbanístico implica numa política de habitação que possa proporcionar uma moradia digna e confortável para as famílias que residem neste local. Mas, o que vemos quando “acidentes” como este de hoje acontecem, é uma política de higienização social pautada de forma despercebida na corrida pelo ouro da especulação imobiliária que, a partir do novo plano diretor estabelecido para o projeto de reurbanização da cidade, não mede esforços para garantir o projeto de elitização do centro da cidade expulsando as famílias de baixa renda da região central alocando-as em bairros bastante distantes e, em alguns casos, em outros municípios.
Quando não é por vias inspiradas por Nero, a higienização empreendida pela prefeitura acontece pela força. Um exemplo do que discuto foi a ação policial na vulgarmente conhecida “cracolândia” no semestre passado que fez uma “limpeza” étnica e social no centro velho de São Paulo expulsando moradores de rua, usuários de drogas e crianças em risco social que vivem há anos amparadas pelo abandono e pelo descaso do poder público que, não só abandonou socialmente estes cidadãos mas, também, abandonou este local como sendo um local à parte da discussão da cidade e agora, com a chegada do “grande evento esportivo” a elite paulistana quer tomar o território central lançando mão da ética social e política fomentando e fazendo com que a população mais carente acredite que não é possível se fazer política para quem mais precisa.
Os grandes pós-modernistas que fizeram história na escola de Chicago, pensavam as grandes cidades do ponto de vista urbanístico como sendo um lugar importante nas relações sociais no sentido de se criar maneiras urbanizarem as cidades sem interferir nos direitos dos cidadãos. Contudo o que vemos em São Paulo é exatamente o contrário, há um plano diretor que estabelece a reurbanização do centro, bem como as grandes obras na grande Itaquera, que está afastando as famílias de baixa renda dos locais onde as empreiteiras, os donos de hotéis e mega empresários estão interessados em empreender fazendo com que estas áreas sejam rapidamente desapropriadas para dar lugar a Estádios de futebol, hotéis de luxo e outros empreendimentos elitistas e inacessíveis ao grade público como bem discute a escola de Amsterdam com a ideia dos enclaves sociais.  
Os incêndios em favelas aqui na cidade de São Paulo estão ficando cada vez mais comuns, pois só este ano foram registrados 68 incêndios em favelas do centro expandido e às margens da região metropolitana.
Uma cidade que tem o titulo de maior cidade da America Latina não pode empreender uma política higienista e elitista e levar este plano diretor até as ultimas consequência colocando milhares de vidas em risco de morte como, infelizmente, ocorreu no incêndio de hoje.
Entendemos que, uma cidade com a proporção territorial que se compara a um país na Europa como é a cidade de são Paulo tem o papel e a responsabilidade de ser uma grande e moderna cidade gerando mais empregos, mais cultura e mais qualidade de vida para as pessoas, mas deve, contudo, criar políticas públicas que venham de encontro com as necessidades que emanam do seio de nossa sociedade e, malgrado, temos a mais convicta certeza de que a sociedade brasileira, e não apenas a sociedade paulistana, clama por uma política social que respeite a constituição federal e que possa cumprir, do ponto de vista e do pensamente de Jean Jaques Rousseau, o contrato social pautado na ética, moral e igualdade social.
Democracia social já!!!

T. Kaçula
Sambista e Sociólogo

sexta-feira, 6 de julho de 2012

Tadeu Augusto Matheus (T. Kaçula) é estudante de Ciências Sociais da FESPSP – Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo é também sambista e pesquisador do Samba Paulista. Atua nas áreas dos direitos humanos, política cultural, ação comunitária, políticas de Promoção da igualdade Racial, políticas públicas para as Juventudes, produção e organização de eventos Socioculturais. Ao longo de seu ingresso na faculdade procurou materializar sua atuação na discussão sobre o samba e cultura negra dentro da academia. Iniciou em 2005 um ciclo de debates sobre “Valores afro na formação política e cultural do Brasil” na Escola de Sociologia e Política e a partir de então foi convidado para participar como palestrante em diversos eventos nacionais e internacionais. Palestrou no consulado brasileiro na Espanha, na Itália e Uruguai, nas universidades paulistas participou de eventos em sua própria faculdade, além de do Mackenzie, ECA da USP e faculdade de direito da USP, UNICID E UNICSUL. Por conta de sua trajetória enquanto sambista e pesquisador tornou-se Presidente do Núcleo de Pesquisas Clovis Moura "Fespspreto" da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (2009 – 2011). Vice Presidente da Escola de Samba Camisa Verde e Branco (2010-2012), diretor cultural da UESP (União das escolas de Samba Paulista), Presidente da ASC-SP - Associação dos Sambistas e Comunidades de Samba de São Paulo. Coordenador do projeto Samba Autêntico e idealizou e coordena o Projeto Rua do Samba Paulista, que leva milhares de pessoas para conhecerem os trabalhos das comunidades de samba paulista gratuitamente todo último sábado de cada mês no centro de São Paulo. Foi membro da equipe de coordenação do “Projeto Samba e Cidadania para Todos” que homenageou os grandes nomes da “Velha Guarda do Samba Paulista”, promovido pelo “Projeto Cultural Samba Autêntico” em parceria com a “União de Negros pela Igualdade - UNEGRO/SP”, a “União das Escolas de Samba Paulistanas – UESP”, universidade Cruzeira do Sul – UNICSUL”, em conjunto com a Secretaria da Justiça e da Defesa da Cidadania e Secretaria da Juventude Esporte e Lazer. Realizado no “Espaço da Cidadania”, localizado no Pátio do Colégio, centro da cidade de São Paulo, e posteriormente nas unidades do Centro de Integração da Cidadania – CICs, com a organização de oficinas de cidadania sobre o samba e a comunidade. Criador do projeto de uma Casa de Cultura no Bairro da Casa Verde zona norte de São Paulo, uma espécie de Centro de Referência para a Juventude abrangendo várias atividades culturais, dando assim uma oportunidade de levar a cultura e a cidadania para os jovens da periferia. Coordenador do projeto “O mapa do samba Paulista” que pesquisa e mapeia todas as iniciativas culturais ligadas ao Samba no Estado de São Paulo. v Cultura como um direito à cidadania Um dos grandes desafios para a consolidação da democracia brasileira, permeada de justiça social, é o amadurecimento de uma sociedade em que as diversas comunidades e seus diversos matizes, as diversas pessoas,independentemente de suas características culturais e condições físicas e etárias, venham, enfim, a atuar na sociedade em igualdade de oportunidades e condições. Dentre esses diversos matizes a cultura constitui uma referência fundamental. Na ConstituiçãoFederal, em seu artigo 215 é abordada a questão do pleno exercício dos direitos culturais e doacesso às fontes da cultura nacional, da valorização e difusão das manifestações culturaispopulares, indígenas e afro-brasileiras, assim como a de outros grupos participantes do processocivilizatório nacional. A Declaração Universal dos Direitos Humanos ressalta, como um direito a serpromovido por todos os povos e todas as nações, em seu Artigo 27, que “todapessoa tem o direito de participar livremente da vida cultural da comunidade, defruir as artes e de participar do progresso científico e de seus benefícios”. Por sua vez a “Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural” proclama que“os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos, que são universais,indissociáveis e interdependentes. (...) Toda pessoa deve, assim poder expressar-se, criar e difundir suas obras na língua que deseje e, em particular, na sua línguamaterna; toda pessoa tem direito a uma educação e uma formação de qualidadeque respeite plenamente sua identidade cultural; toda pessoa deve poderparticipar na vida cultural que escolha e exercer suas próprias práticas culturais,dentro dos limites que impõe o respeito aos direitos humanos e às liberdadesfundamentais. Em outras palavras, a Constituição e as diversas Declarações citadas colocam acultura como um bem que está aí para ser preservado e fruído. Cultura que adquireformas diversas através do tempo e do espaço. Diversidade que se manifesta na originalidade e na pluralidade de identidades quecaracterizam os grupos e as sociedades que compõem a humanidade. Fonte deintercâmbios, de inovação e de criatividade. Assim, a cultura e a sua diversidadeconstitui patrimônio comum da humanidade e deve ser reconhecida e consolidadaem benefício das gerações presentes e futuras. Tais circunstâncias apontam para o reconhecimento de que à igualdade e oexercício da cidadania estão atrelados a proposição de tratamento igualitário àsculturas dos diversos grupos étnicos, uma política multicultural que reconhece aigualdade do valor intrínseco de cada cultura, pois esta possibilita a expressão docaráter particular específico a cada povo. Por extensão, toda e qualquer simulação estabelecendo a superioridade/inferioridade de uma cultura em relação a outraimplica na marginalização e, consequentemente, na criação de obstáculos aqualquer tentativa de promoção da cidadania. Consideradas essas proposições, além de diversos estudos que indicam a persistência de práticasrotineiras discriminatórias em relação à cultura popular, em particular aquelas de matrizafrodescendente, tanto no espaço público como no privado, e da emergência de novas demandasde direitos que concorrem para compor um novo cenário de lutas pela cidadania, a democratização da cultura, constitui uma ação de caráter positivo destinada a promover um maior conhecimento,respeito e valorização da cultura popular, de matriz negra-africana e afrodescendente, através doresgate, promoção, divulgação e manutenção da memória da cultural popular, herança e expressão,legada ao povo brasileiro enquanto elemento nato de sua constituição identitária e de suanacionalidade. As manifestações culturais periféricas incluem-se entre as inúmeras estratégias eações desenvolvidas pela sociedade civil organizada. Trata-se da promoção deintercâmbio e interação entre a população em geral e os diversos movimentos,ações socioculturais e ações individuais desenvolvidas no âmbito do territóriopaulista e brasileiro; um “ajuntamento” de iniciativas empreendidas por um conjuntode praticantes, aficionados, admiradores e entusiastas do samba e das suastradições, verdadeiras peças de resistência cultural, dispostos a defender essefrutífero terreiro de produção cultural brasileira. Assim adequa-se aos objetivos da promoção de políticas públicas de combate às desigualdades raciais, pois através do processo de produção e difusão sócio-cultural e artística voltada a afirmação da diversidade e da promoção da igualdade racial, contribuiu para o conhecimento e reconhecimento do grande público brasileiro das contribuições culturais da população, constitui o acervo nesta área e serve de fonte de informação para a conscientização da sociedade brasileira acerca do problema da segregação cultural e outras formas de preconceito e discriminação de cidadãos. Imaginação e criatividade formando uma rede, ampliando o público, apoiando, promovendo, divulgando e fortalecendo as novas iniciativas, defensoras e herdeiras da cultura tradicional, comumentemente denominado “cultura raiz”; promovendo a reaproximação entre os fundadores, osjovens e o universo da cultura popular. Enfim, reaproximando-os das suas próprias histórias. Estimulando a troca de informações, o reconhecimento de cantores, compositores, ritmistas, poetas, atores, e instrumentistas anônimos. Constituindo um espaço único para ver, ouvir eparticipar de depoimentos; conhecer trajetórias de vida, heróicas e épicas, de “pessoas anônimas”;além de contribuir para o surgimento de novos amantes da cultura. Uma pertinente democratização cultural dá vez à produção e consumo de pérolas raras, um novo e significativo capítulo da culturabrasileira: por exemplo: o samba, a capoeira, o teatro, a musica, etc. implicam no vínculo com avida coletiva e comunitária, restringe o distanciamento da comunidade, pois a articulação em grupoé a expressão natural da vivência das pessoas é o testemunho de uma vivência real e daconsciência do valor daquela manifestação cultural, fruto explícito da cultura do povo e não do povoda cultura. Um panorama histórico da cultura na cidade de São Paulo. A cidade de são Paulo é hoje uma das maiores e mais importantes cidades com uma ampla diversidade cultural do mundo. Algumas pesquisas mostram que a cidade de São Paulo é, hoje, a cidade mais multi-cultural da América latina somando mais de 30 expressões culturais existentes na capital paulista. A cultura da cidade de São Paulo é considerada uma das mais ricas do Brasil, tendo consolidado a cidade como local de origem de toda uma série de movimentos artísticos e estéticos ao longo da história do século XX. Além de rivalizar com o Rio de Janeiro o status de sede das principais instituições culturais do país, é, também, nesta cidade que grande parte da cultura brasileira dita "erudita" costuma se formar. São Paulo possui uma ampla rede de teatros, casas show e espetáculo, bares, instituições de ensino, museus e galerias de arte. Tal complexo cultural, porém, localiza-se em geral nas regiões centrais da cidade (ou naquilo que é chamado "Centro expandido"), de forma que são comuns as críticas de certos estudiosos do fenômeno urbano no sentido de explicitar a possível segregação espacial que osmoradores das regiões mais periféricas das cidades vivenciam, tendo eles, segundo tais perspectivas, negado o seu direito à cidade. Esta São Paulo que "fervilha cultura", portanto, acaba também sendo considerada uma São Paulo "ideal", visto que não corresponde à realidade da maior parte da população. A cidade é bastante heterogênea e é possível dizer que a cultura paulistana é fruto da interface da cultura dos vários povos que emigrarampara ela durante a primeira República, em união a elementos culturais dos períodos coloniais e imperial. Dentre tais culturas, destacam-se a Africana, a italiana, a japonesa, a portuguesa e a espanhola. Traços desta mistura são evidentes em regiões da cidade consideradas "tipicamente italianas", como o Bixiga ou "tipicamente japonesas", como o bairro da Liberdade. v Encaminhamentos: Mapeamento das produções culturais na cidade de São Paulo. Para compreendermos a complexidade existente na diversidade cultural da cidade de São Paulo, é fundamental olharmos de forma minuciosa e antropológica quais e onde estão as manifestações culturais existentes em nossa cidade haja vista o fato de que para se pensar uma política cultural que viabilize a democracia e a inclusão cultural é preciso saber quais, quantas e onde estão as iniciativas culturais a serem fomentadas. Senso da cultura paulistana. Neste sentido, a criação de um “Mapa ou Senso” da cultura paulistana contribuiria para a organização de políticas de incentivo a cultura uma vez que se conhece e de forma detalhada quais são as manifestações culturais das diversas áreas que compõe a cara da cultura paulistana. Qual é a cara da cultura na cidade de São Paulo? Pensando a cidade de São Paulo do ponto de vista cultural, a diversidade étnica, religiosa, turística, etc. faz com que haja uma espécie de miscelânea cultural que nos dificulta a identificar qual é a cara da cultura na cidade de São Paulo! Mas, se temos diversas faces culturais, é preciso identificar quais são essas manifestações, registrar, compreender as suas especificidades para que possamos pensar as políticas convergentes com as suas necessidades. Descentralização da cultura. É impreterivelmente importante a socialização da cultura na cidade de São Paulo. As ações culturais organizadas pela atual gestão propõe uma centralização das inúmeras atividades organizadas pela Secretaria Municipal de Cultura ocasionando, assim, um déficit cultural nas diferentes e longínquas regiões da periferia de São Paulo. Neste sentido, é preciso se estabelecer uma política que possa contemplar todas as regiões da cidade com as políticas culturais que, descentralizadas, possam oferecer um serviço público de qualidade para toda a população. Democratização cultural. É inevitável dar um caráter de irrelevância para a falta de democracia cultural ao qual vivemos atualmente na cidade de São Paulo. O projeto elitista e excludente que a atual gestão está implementando na região central bem como em boa parte da região oeste de nossa cidade por conta da especulação imobiliária, impõe uma falta de democracia sociocultural inviabilizando as diversas ações culturais realizadas pela sociedade civil organizada. Neste sentido, a criação de ações convergentes à ampliação e socialização das inúmeras atividades existentes na cidade de São Paulo que possam contemplar a população em uma política de inclusão cultural dando a devida importância para o direito à democracia vigente na constituição brasileira. Equipamentos públicos. Ø Casas de cultura: Ampliação das atividades culturais nas Casas de Cultura existentes bem como aumentar o numero de espaços culturais nas periferias de toda a cidade. Ø CEUs: Incluir na programação das unidades dos CEUs as atividades culturais realizadas na região ao qual está instalada a unidade propondo maior interatividade com a comunidade, bem como levar os serviços públicos realizados em outras unidades de cultura espalhados por outras regiões provocando, assim, um intercâmbio com outras ações potencializando a diversidade cultural que é o cartão postal de nossa cidade. Ø Centros culturais: Os poucos centros culturais existentes em nossa cidade são ineficientes e órfãos de uma política cultural que dê visibilidade para esses espaços bem como para as diversas iniciativas culturais que se manifestam nas diferentes regiões, em especial na periferia, de cidade. É preciso uma ação mais eficaz de combate à ociosidade desses espaços criando programas culturais que viabilizem o uso cotidiano das comunidades localizadas nas regiões onde este equipamento público está instalado para que, dessa forma, haja uma importante e verdadeira inclusão cultural da população menos favorecida. Ø Teatros: Uma das práticas culturais menos fomentadas por meios de políticas públicas é o teatro alternativo. Esse seguimento mobiliza centenas de pessoas em torno da arte e da cultura fazendo com que haja uma continuidade importante na luta pela popularização do Teatro brasileiro tendo como referenciais nomes como Plínio Marcos que sempre defendeu a importância do teatro alternativo como uma forma de expressão popular. Contudo é fundamental uma política que viabilize a popularização e potencializarão das salas de teatro geridas pela prefeitura da cidade de São Paulo para que essas produções e iniciativas culturais possam ser contempladas e, por sua vez, contemplar a população com mais inclusão cultural. Ø Bibliotecas: “Faça a revolução nas escolas que o povo faz a revolução nas ruas” (Florestan Fernandes). As bibliotecas públicas estão em nossa cidade estão, infelizmente, em um subimerso estado de abandono. Vemos uma preocupação de manter apenas as Bibliotecas da região central da cidade em pleno estado de conservação e atividade como a Biblioteca Mario de Andrade reformada recentemente. Promover a pratica da leitura aliada a outras ações culturais como saraus, leitura de textos por artistas renomados, grupos de estudos sobre a literatura brasileira, dentre outros, nos equipamentos públicos instalados nas diversas regiões de nossa cidade, é papel da prefeitura. Porém não é exatamente o que vemos nas políticas criadas pela atual gestão. FEIRAS CULTURAIS: São diversas as modalidades de feiras culturais espalhadas por todas as regiões da cidade de São Paulo. A promoção, organização e gestão dessas feiras quase sempre estão a cargo da sociedade civil organizada através de ONGs, OSCIPs, Institutos, etc. e contam com o apoio da prefeitura de São Paulo por meio de Secretarias de Cultura, Participação e Parceria, Trabalho, Turismo dentre outras. Neste sentido, é imprescindível uma ação por parte da nova gestão municipal determinar os critérios de organização, quais as secretarias envolvidas, qual a secretaria proponente bem como da organização das atividade denominadas por feiras culturais. CARNAVAL = Cultuta/Turismo Por décadas o carnaval foi o maior evento cultural da cidade de São Paulo. Após todo esse período, o carnaval só perdeu espaço para a Formula 1 e, recentemente, para a parada do orgulho gay, pois em volume de pessoas esses eventos mobilizam cerca de quatro milhões de pessoas. Com uma estimativa de duzentas mil pessoas, o carnaval de São Paulo é um espetáculo a céu aberto que reúne cultura, turismo, trabalho, infraestrutura, segurança pública, comunicação, dentre outras carteiras que compõe boa parte do secretariado que compõe a gestão pública da cidade de São Paulo. Este setor requer um olhar mais polido e minucioso, pois se trata de uma das mais importantes secretarias (SPTuris) e que, além do carnaval, desenvolve outros importantes eventos na cidade de São Paulo como a Formula Indi e os demais grandes eventos culturais em nossa cidade. VIRADA CULTURAL “Um evento gratuito que atrai anualmente um público circulante de milhões de pessoas durante 24 horas de programação cultural ininterrupta. Organizada pela Secretaria Municipal de Cultura, este encontro cultural reúne as diferentes classes sociais, todas as faixas etárias, inúmeras tribos, numerosas plateias, todos os horários.” Segundo o site oficial da Virada Cultural, há uma inclusão social, cultural, política, etc. das pessoas que participam da festa. Na realidade nem tudo é tão bonita assim! Há sim, um déficit incalculável de inclusão sociocultural nessa ação político-partidária, pois a maior parte da população que está segregada nas longínquas regiões periféricas da cidade de São Paulo não é contemplada por essa política cultural elitista e excludente. Outro fator a ser observado é a falta de incentivo e apoio aos artistas paulistanos que, há quatro anos não participam da programação musical da virada cultural. É preciso, também neste caso, se pensar uma política descentralizadora e mais democrática principalmente em relação aos artistas que periodicamente desenvolvem seus trabalhos culturais e artísticos durante todo o ano na cidade de São Paulo. EU TENHO... VOCÊ TEM?

quinta-feira, 3 de maio de 2012


Novelas brasileiras passam imagem de país branco, critica escritora moçambicana

Por  | 23 abril, 2012 as 2:56 pm | Nenhum comentário
Por Alex Rodrigues
Da Agência Brasil
A escritora de Moçambique Paulina Chiziane participa de debate sobre a literatura africana durante a 1ª Bienal do Livro e da Literatura. FOTO Elza fiúza/ABr
“Temos medo do Brasil.” Foi com um desabafo inesperado que a romancista moçambicana Paulina Chiziane chamou a atenção do público do seminário A Literatura Africana Contemporânea, que integra a programação da 1ª Bienal do Livro e da Leitura, em Brasília (DF). Ela se referia aos efeitos da presença, em Moçambique, de igrejas e templos brasileiros e de produtos culturais como as telenovelas que transmitem, na opinião dela, uma falsa imagem do país.
“Para nós, moçambicanos, a imagem do Brasil é a de um país branco ou, no máximo, mestiço. O único negro brasileiro bem-sucedido que reconhecemos como tal é o Pelé. Nas telenovelas, que são as responsáveis por definir a imagem que temos do Brasil, só vemos negros como carregadores ou como empregados domésticos. No topo [da representação social] estão os brancos. Esta é a imagem que o Brasil está vendendo ao mundo”, criticou a autora, destacando que essas representações contribuem para perpetuar as desigualdades raciais e sociais existentes em seu país.
“De tanto ver nas novelas o branco mandando e o negro varrendo e carregando, o moçambicano passa a ver tal situação como aparentemente normal”, sustenta Paulina, apontando para a mesma organização social em seu país.
A presença de igrejas brasileiras em território moçambicano também tem impactos negativos na cultura do país, na avaliação da escritora. “Quando uma ou várias igrejas chegam e nos dizem que nossa maneira de crer não é correta, que a melhor crença é a que elas trazem, isso significa destruir uma identidade cultural. Não há o respeito às crenças locais. Na cultura africana, um curandeiro é não apenas o médico tradicional, mas também o detentor de parte da história e da cultura popular”, detacou Paulina, criticando os governos dos dois países que permitem a intervenção dessas instituições.
Primeira mulher a publicar um livro em Moçambique, Paulina procura fugir de estereótipos em sua obra, principalmente, os que limitam a mulher ao papel de dependente, incapaz de pensar por si só, condicionada a apenas servir.
“Gosto muito dos poetas de meu país, mas nunca encontrei na literatura que os homens escrevem o perfil de uma mulher inteira. É sempre a boca, as pernas, um único aspecto. Nunca a sabedoria infinita que provém das mulheres”, disse Paulina, lembrando que, até a colonização europeia, cabia às mulheres desempenhar a função narrativa e de transmitir o conhecimento.
“Antes do colonialismo, a arte e a literatura eram femininas. Cabia às mulheres contar as histórias e, assim, socializar as crianças. Com o sistema colonial e o emprego do sistema de educação imperial, os homens passam a aprender a escrever e a contar as histórias. Por isso mesmo, ainda hoje, em Moçambique, há poucas mulheres escritoras”, disse Paulina.
“Mesmo independentes [a partir de 1975], passamos a escrever a partir da educação europeia que havíamos recebido, levando os estereótipos e preconceitos que nos foram transmitidos. A sabedoria africana propriamente dita, a que é conhecida pelas mulheres, continua excluída. Isso para não dizer que mais da metade da população moçambicana não fala português e poucos são os autores que escrevem em outras línguas moçambicanas”, disse Paulina.
Durante a bienal, foi relançado o livro Niketche, uma história de poligamia, de autoria da escritora moçambicana.

domingo, 22 de janeiro de 2012

Rebele-se Contra o Racismo!

Amig@s,

Há dias publiquei na página do facebook um debate acerca da infeliz postura racista do restaurante Nonno Paolo, situado na região dos Jardins, que de forma preconceituosa, alienada e precipitada colocaram uma criança negra de apenas seis anos filha de um casal de Espanhóis para fora do estabelecimento sem ao menos apurar se a criança estava acompanhada dos seus pais.

O racismo e o preconceito são como fantasmas que assombram a nossa sociedade desde os primórdios da organização e formação social do nosso país. É como um vilão que protagoniza em todos os capítulos da novela da vida real cenas de horror com diversas passagens vil e que insiste em cumprir com “maestria e genialidade” este papel fazendo com que este tipo de imbecibilidade esteja crivado nos seios de nossa sociedade.

Não obstante a isso, observamos cotidianamente fatos semelhantes a este que contribuem para a propagação do racismo, xenofobia, homofobia e outras formas de intolerância em nosso sociedade fomentando o desencontro e a inviabilidade de se pensar maneiras de recriarmos uma sociedade mais igualitária e com oportunidades pertinentemente favorecerá para que se haja um novo olhar quanto a estas questões.

O caso do restaurante Nonno Paolo que discutimos neste fórum está sendo acompanhado judicialmente por crime de Racismo.

Ontem uma equipe da Vigilância sanitária da prefeitura de são Paulo fez uma blitz no restaurante Nonno e constatou que o mesmo estava com uma série de irregularidades ocasionando na interdição do restaurante Nonno RACISTA Paolo. A proprietária que tentou se justificar quanto ao caso de racismo, na ocasião do ocorrido, foi parar na delegacia, mas, como tod@s nós sabemos como funciona a legislação brasileira, pagou fiança e foi liberada. Asco!!!

Devemos nos manter vigilantes e sempre repudiar fatos como esses, pois, do contrário, continuaremos totalmente desfavoráveis na luta de classes “ploretariando” alienadamente ao bel prazer da burguesia sem ter condições cognitivas de detectar explicitamente a covardia do RACISMO velado!

Segue matéria do G1.

http://g1.globo.com/videos/sao-paulo/sptv-2edicao/t/edicoes/v/agentes-da-vigilancia-sanitaria-fecham-cozinhas-do-restaurante-nonno-paolo/1775652