sábado, 10 de dezembro de 2011

MANIFESTO PELO SAMBA PAULISTA


Ouvimos diariamente os representantes do poder público discursar a favor de uma política de inclusão social, inclusão digital e até mesmo inclusão étno-racial. Mas o que mais nos impressiona é a falta de respeitabilidade que ano após anos resvala nos principais mantenedores e cuidadores da cultura do Samba bem como o processo de invisibilidade ao qual esse mesmo poder público submete o mais popular da musica popular brasileira, o Samba.


Presenciamos há alguns anos uma tentativa de descaracterização das legítimas manifestações artístico-culturais existentes em nossa cidade por meio de um processo de exclusão cultural dos atores que fazem a manutenção e a propagação periódica da história, origens e importância política do Samba que nasce com objetivos de sociabilidade étnica, resistência cultural, manutenção dos aspectos peculiares de identidade étinico-racial e como um espaço de organização de construção de conhecimentos transmitidos através da oralidade dos velhos mestres do Samba respeitando as tradições de matriz africana.


Em São Paulo, os atores e promotores e cuidadores da cultura popular periférica da maior cidade da América Latina mais uma vez ficaram de fora, pelo terceiro ano consecutivo, da programação da “Virada Cultural”, evento que reúne cera de 30.000 (trinta mil) pessoas que transitam por 20 (vinte) palcos espalhados no centro da cidade, evento esse que custa Milhões para os cofres públicos pagos com os impostos diuturnamente pagamos do nosso bolso.
No Rio de Janeiro a situação não é diferente.


A visibilidade que se dá ao samba e aos sambistas, fica única e exclusivamente a cargo dos agentes promotores desta cultura ou mesmo por parte dos próprios atores que desenvolvem o gênero como meio de sobrevivência e resistência étnico-cultural. Não há qualquer ação política do Estado para fomentar e fortalecer as ações culturais desenvolvidas pelos sambistas que atuam no subúrbio da cidade preservando e valorizando as raízes da história e da memória do Samba; ao contrário, o poder público da mais visibilidade aos artistas midiáticos e inviabiliza e “invisibiliza” os demais atores que cultuam preservando culturalmente o mesmo gênero musical!
É inadmissível que o sambista ainda sofra esse tipo de exclusão e invisibilidade frente às diversas políticas públicas que contemplam outros seguimentos culturais.
Sabemos que a maior parte desses seguimentos estão ligados direta, e ou, indiretamente às raízes do Samba tendo como elemento central o batuque versando com experiências ligadas ao teatro, cinema, produção de documentários, etc. que viabiliza estes segmentos e deixando o Samba apenas como um pano de fundo ocasionando dessa forma uma sensação de que o
Samba não passa de um pequeno ator cujo papel cumpre uma parte insignificante em todos os atos.

O Samba em São Paulo tem uma história que se confunde com apropria história da cidade bem como do nosso prospero e geograficamente privilegiado Estado. Em 1914, nasce uma das principais manifestações “Sambísticas” e carnavalesca de São Paulo, o Grupo Barra Funda que foi fundado pelos irmãos Dionísio Barbosa e Luiz Barbosa.
Em uma viagem antropológica pelo interior do Brasil na década de 1930, Mario de Andrade desenvolve uma pesquisa sobre as manifestações culturais no interior de São Paulo e, ao se encontrar com um grupo de foliões que batucavam um ritmo envolvente e peculiar, identifica e denomina-os como “Samba de Bumbo” sendo este a “célula mãe” do Samba Paulista.

Já nos idos da década de 1956, Carlos Alberto Caetano (Carlão do Peruche) funda a Escola de Samba Unidos do Peruche, mas antes participou de uma das principais Escolas de Samba de São Paulo, a Lava Pés, fundada em 1937 por Madrinha Eunice e Chico Pinga sendo a Escola de Samba mais antiga em atividade no Carnaval Paulista.

A tradição que o Samba em especial o Samba de São Paulo guarda nos anais de sua história, desperta um sentimento de igualdade comparado à tradição conhecida em outras regiões do Brasil e a cada dia, a cada semana, a cada ano essa tradição se instala com muito mais fulgor nos corações dos mais variados sambistas nas diversas regiões da cidade tornando-os mantedores da nossa cultura.
Grandes quilombos urbanos se formam a cada dia nas longínquas regiões periféricas em defesa de nossa cultura e na valorização do nosso velho e bom samba. Embora não seja um desses quilombos periféricos, temos uma enorme satisfação em coordenar diversos e importantes movimentos de samba de São Paulo, situados desde o centro velho de nossa cidade às mais longínquo regiões periféricas de nosso Estado.

Há alguns anos existe uma grande movimentação de sambistas também preocupados com a preservação do samba e da memória dos baluartes. Queridos veteranos que, com muita resistência e perseverança, iniciaram na década de 20 (vinte) uma luta contra preconceitos étnicos e sociais em defesa do Samba. Posso destacar alguns movimentos que protagonizam ações onde o samba é o principal elemento de resistência cultural. São eles: Projeto Nosso Samba, Samba da Laje, Pagode do Cafofo, Samba da Tenda, Samba da Vela, Comunidade Maria Cursi, Samba do Baú, Samba de Todos os Tempos, Cupinzeiro, Samba da Toca, Pagode do Sobrado, Samba da Ponte, Samba da Feira, Comunidade Samba Jorge, Canto pra Velha Guarda, Samba da Alegria, Samba do Livro, Abrigo de Vagabundo, Samba da Paz, Projeto Cultural Samba Autêntico (Rua do Samba Paulista), dentre outros e de Sambistas que objetivam as mesmas lutas coletivizando sem participar de um comunidade de samba.
“Vemos uma nova possibilidade de preservação cultural e registro histórico da nossa manifestação cultural mais popular e aglutinadora.

A história do samba de São Paulo é linda e com belas páginas que já foram escritas por grandes bambas do nosso samba como Dionísio Barbosa, Geraldo Filme, Paulistinha, Pé Rachado, Germano Matias, Zeca da Casa Verde, Dona Olímpia, Dona Sinhá, Madrinha Eunice, Dona Lola, Seu Dito Caipira, Toniquinho Batuqueiro, Seu Carlão do Peruche, Talismã, Ideval, Zelão, Juarez da Cruz, Henricão, Pato N’Água, Seu Nenê, Xangô da Vila Maria, Tia Lourdes, Tia Zefinha, Benedito Lobo, Plínio Marcos, Mestre Feijoada, Osvaldinho da Cuíca, todas as Velhas Guardas e tantos outros que, sem sombra de dúvidas, se destacam no cenário cultural como verdadeiros “Heróis do Samba”!

Não somos adeptos às políticas “intra-partidárias” nem tão pouco temos em nossos discursos e ações qualquer tipo de fala “viciada” oriundas de partidos políticos e nem ostentamos estandartes, símbolos e nem brasões partidários seja das alas esquerdistas, direitistas ou “centro-acomodados”, porém, é preciso explicitar neste documento que a expertise ideológica dos cuidadores do Samba em São Paulo defende uma bandeira política não partidária que dialoga com a real democracia social e cultural prevista na constituição brasileira.


Vivemos um momento histórico de pleno crescimento econômico e social em nosso país, mas os desafios que os nossos governos ainda estão por enfrentar são muitos.
Entendemos que o processo de democratização que viabilizará de forma inclusiva e igualitária a diversidade cultural existentes em nosso país somente será possível a partir da vontade política dos gestores públicos que dentem as in-competências de fomenta a cultura em toda sua diversidade ocasionando, de certa forma, um verdadeiro reconhecimento das entidades e atores cuidadores e mantedores da cultura popular brasileira, em especial, do Samba em nosso Estado.


Somos frutos de gerações de militantes e amantes do Samba que, sem sombras de dúvidas, foram responsáveis diretos por hoje cultuarmos, preservarmos, e difundirmos o samba em âmbito Nacional bem como foram os principais entusiastas que, no traumático e complexo período do regime militar, organizaram a sociedade civil menos favorecida em torno da cultura do Samba criando e protagonizando conceitos político-sociais fundamentais para que o
caráter organizacional deste gênero peculiar e principal referência da música brasileira de com fama internacional pudesse ser considerado como um dos principais elementos de organização social, resistência cultural e articulação política.

Diferentemente do centralismo democrático, regulador e excludente imposto pela elite que comanda há anos o Estado de são Paulo, acreditamos que a inclusão sócio-cultural de quem, de fato, faz a cultura do povo é fundamental para que haja a verdadeira democracia em nosso Estado propiciando assim, um ambiente mais igualitário, includente e livre do processo de “Estadania” ao qual vivemos periodicamente com o estado brasileiro ditando todas as regras sociais, políticas e culturais de nossa sociedade.


Se a cultura vem do povo, entendemos que é o povo quem deve promovê-la e discutir propostas de estruturação das diversas manifestações musico - culturais existentes em nosso País bem como dar todos os indicadores para os gestores públicos de como pensar e administrar o Estado, pois fazendo uma pequena e humilde referência a Karl Marx, “O Estado deve se organizar a partir das necessidades estruturais e culturais do povo e não o povo se moldar ao sistema do - centralismo democrático - imposto pelo Estado”.
Fazendo aqui uma pequena alusão ao grande pensador W. Adorno da escola de Frankfurt, que misturavam crítica econômica e crítica cultural da sociedade capitalista, é imprescindível explicitar que somos “fazedores” e curadores da cultura que consumimos sem filisteísmo ou conivências com este modelo alienador e predatório criado pela indústria cultural que insiste em promover des-cultura de péssima qualidade pra grande massa e fomentar cultura de qualidade apenas para a burguesia.

Este manifesto tem o objetivo de fomentar uma discussão aprofundada sobre os valores e os impactos sociais promovidos pela cultura do Samba em nosso Estado bem como alertar para os processos de invisibilidades aos quais os sambistas de São Paulo estão protagonizando neste infeliz episódio da vida real.

T. Kaçula

Sambista e Sociólogo



...Eu sou paulista
Gosto de samba
Na Barra Funda também tem gente bamba
Somos paulistas e sambamos pra cachorro
Pra ser sambista não precisa ser do morro


Geraldo Filme






Assinam este manifesto:

UESP – União das Escolas de Samba Paulistana
Associação das Velhas Guardas de São Paulo
Projeto Rua do Samba Paulista – Centro - SP
Raiz do Monte - Jd. Monte Azul - Zona Sul.
Candeeiro do Samba – Diadema.
Samba do Sino – Guarulhos.
Samba de Primeira - Pirituba - Zona Oeste.
Samba do Porto - Jd. Porto Velho - Zona Sul.
Samba da Quinta - Chácara Santana - Zona Sul.
Ministério do Samba – Osasco.
Samba do Mês - Jd. Ipanema – Zona Leste.
Pagode do Cafofo - Jd. Marília - Zona Leste.
Samba do Monte - Jd. Monte Azul - Zona Sul.
Nosso Samba de Osasco – Osasco.
Samba no Asfalto - Ermelino Matarazzo - Zona Leste.
Comunidade Samba Jorge - Vila Curuçá - Zona Leste.
Pagode da 27 - Grajaú – Zona Sul.
Samba da Olaria – Vila Alpina – Zona Leste.
Comunidade Maria Cursi – São Mateus.
Samba da Tenda – Jd. São Vicente – Zona Leste.
Pagode do Sobrado – Guarulhos.
Buraco do Sapo – Freguesia do Ó – Zona Norte.
Samba da Laje – Vila Santa Catarina – Zona Sul.
Sociedade Samba dá Cultura – Piraporinha – Zona Sul.
Samba da Berinjela – Limão – Zona Norte.
Samba de Todos os Tempos – Santo Amaro – Zona Sul.
Comunidade do Pé da Raiz – Santo André.
Abrigo de Vagabundo – Guaianazes – Zona Leste.
Samba da Toca – Itaquaquecetuba.
Samba da Alegria – Brás – Centro.
Canto da Velha Guarda – Guarulhos.
Samba da Vera Cruz -
Samba da Ponte – Capão Redondo – Zona Sul.
Família Casa Blanca – Vila das Belezas – Zona Sul.
Samba do Livro – Pirituba – Zona Oeste.
Projeto Cultural Samba Autentico – Freguesia do Ó – Zona Norte.
Terreiro de Samba de Mauá – Mauá.
Pegada de Gorila – Itaim Paulista – Zona Leste.
Samba da Velha – Santos.
Samba da Vila Ré – Vila Ré – Zona Leste.
Samba da Feira – Casa Verde Alta – Zona Norte.
Comunidade da Vila Fundão – Vila Fundão – Zona Sul.
Samba do Quintal – Pedreira – Zona Sul.
Tem Família no Samba – Diadema.
Ouro Verde – Santos.
Comunidade Vó Tiana – Campinas.
Afromix – Campinas.
14 Sambas Quilombolas – Piracicaba.
Samba de Terreiro de Araraquara – Araraquara.
Samba da Arca – Guarulhos.
Comunidade Sambista ABC – São Bernardo do Campo.
Quilombo – Vila Brasilína – Zona Sul.
Terreiro de Compositores – Pq. São Lucas – Zona Leste.
Berço do Samba de São Mateus – Zona Leste.
Clube do Samba de Piracicaba – Piracicaba.
Educasamba – Taboão da Serra.
Comunidade Samba e Poesia – Piracicaba.
Comunidade Maria Zélia – Brás – Centro.
Samba do Buli – Bom Retiro – Centro.
Projeto Terra Brasileira – Brás – Centro.
Comunidade Panela do Samba – Sorocaba



T. Kaçula, Alisson Rodrigues, Daniel Santos, Emerson Urso, Marquinhos jaca, Dentinho D´Oxossi, Brão Lopes, Anderson Alves, Selito SD, Ilcéi Míriam, Helio Rubi, Juca Ferreira, Claudio Silva, Babalu, Ari (Samba da Ponte), Carina e Karina (Samba da Paz).



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

ASCSP - Associação dos Sambistas e Comunidades de Samba de SP.



ASSOCIAÇÃO DOS SAMBISTAS E COMUNIDADES DE SAMBA DE SÃO PAULO


“...as reuniões de samba continuavam a se concretizar informalmente nas dias e em alguns locais de tradicional concentração negra. Em 1937, no Largo da Banana, Barra Funda, persistia um velho núcleo de sambistas e jogadores de tiririca. (...) Pé rachado e Geraldo Filme informam que na mesma época, nas praças da Sé, do Patriarca e do Correio, os negros também continuavam a se reunir para cantar, sambar e jogar tiririca. De modo totalmente informal e sem qualquer instrumento, eles batucavam nas latas de lixo, caixas de engraxate e palma da mão. (...) Outro local de reunião de sambistas de dia era a esquina da avenida São João com a praça do Correio, voltada para o vale do Anhangabaú, em meio aos bondes, buzinas e transeuntes apressados. Em geral, esses grupos eram formados apenas por negros que se reuniam para tocar seriamente e cantar. Em um deles, por exemplo, havia “quinze negros sentados no chão, rodeando um cantor preto também, que, de pé, enviava a sua voz para o alto, com a cabeça bem erguida, os olhos semicerrados e uma expressão de dor no rosto retinto e brilhante. “Os que estavam sentados formavam uma orquestra; sem dúvida a mais original das orquestras, composta exclusivamente de instrumentos de percussão”.

(In Moraes, José Geraldo Vinci de. “Metrópole em sinfonia – História, cultura e música popular na São Paulo dos anos 30”)



ASCSP- ASSOCIAÇÃO DOS SAMBISTAS E COMUNIDADES DE SAMBA DE SÃO PAULO.

Apresentação.

O nosso velho e bom samba “presenciou” momentos históricos na transformação da música mundial, em especial a música popular brasileira. Hoje, podemos dizer que vivemos um momento de intensa mudança nos pensamentos, na conscientização e aceitação de um samba marginalizado, porém muito rico em linguagens cotidianas do universo rural com um sotaque exclusivamente peculiar.
Samba, rural, caipira, urbano, paulista! Esse é o nosso jeito de ser e de fazer um samba cativante de uma forma muito nossa!
Em 1914, nasce uma das principais manifestações “Sambísticas” e carnavalesca de São Paulo, o Grupo Barra, fundado pelos irmãos Dionísio Barbosa e Luiz Barbosa. Já nos idos de cinqüenta (1956), Carlos Alberto Caetano (Carlão do Peruche) funda a Escola de Samba Unidos do Peruche, mas antes participou de uma das principais Escolas de Samba de São Paulo, a Lava Pés, fundada em trinta e sete (1937) por Madrinha Eunice e Chico Pinga.
A tradição que o Samba em especial o Samba de São Paulo guarda nos anais de sua história, desperta um sentimento de igualdade comparado à tradição conhecida em outras regiões do Brasil e a cada dia, a cada semana, a cada ano essa tradição se instala com muito mais fulgor nos corações dos mais variados sambistas nas diversas regiões da cidade tornando-os mantedores da nossa cultura.
Grandes quilombos urbanos se formam a cada dia nas longínquas regiões periféricas em defesa de nossa cultura e na valorização do nosso velho e bom samba. Embora não seja um desses quilombos periféricos, temos uma enorme satisfação em coordenar diversos e importantes movimentos de samba de São Paulo, situados desde o centro velho de nossa cidade às mais longínquas regiões periféricas de nosso Estado.
Há alguns anos existe uma grande movimentação de sambistas também preocupados com a preservação do samba e da memória dos baluartes. Queridos veteranos que, com muita resistência e perseverança, iniciaram na década de 20 (vinte) uma luta contra preconceitos étnicos e sociais em defesa do Samba. Posso destacar alguns movimentos que protagonizam ações onde o samba é o principal elemento de resistência cultural. São eles: Projeto Nosso Samba, Samba da Laje, Pagode do Cafofo, Samba da Tenda, Comunidade Maria Cursi, Samba do Baú, Samba de Todos os Tempos, Cupinzeiro, Samba da Toca, Pagode do Sobrado, Samba da Ponte, Samba da Feira, Comunidade Samba Jorge, Canto pra Velha Guarda, Samba da Alegria, Samba do Livro, Abrigo de Vagabundo, Samba da Paz, Projeto Cultural Samba Autêntico (Rua do Samba Paulista), dentre outros e de Sambistas como: Helio Rubi, Dedé da Tenda, Marquinho Jaca, Adriana Moreira, Emerson Urso, Marquinho Dikuã, Fabiana Cozza, T. Kaçula, Brão Lopes, dentre outros.
Vemos uma nova possibilidade de preservação cultural e registro histórico da nossa manifestação cultural mais popular e aglutinadora.
A história do samba de São Paulo é linda e com belas páginas que já foram escritas por grandes bambas do nosso samba como Dionísio Barbosa, Geraldo Filme, Paulistinha, Pé Rachado, Germano Matias, Zeca da Casa Verde, Dona Olímpia, Dona Sinhá, Madrinha Eunice, Dona Lola, Seu Dito Caipira, Toniquinho Batuqueiro, Seu Carlão do Peruche, Talismã, Ideval, Zelão, Juarez da Cruz, Henricão, Pato N’Água, Seu Nenê, Xangô da Vila Maria, Tia Lourdes, Tia Zefinha, Benedito Lobo, Plínio Marcos, Osvaldinho da Cuíca, todas as Velhas Guardas e tantos outros que, sem sombra de dúvidas, se destacam no cenário cultural como verdadeiros “Heróis do Samba”!
Todo este legado deixará para as futuras gerações um registro fiel de uma época de transformação no cenário cultural e “sambístico”. Um tempo em que nós, “a nova geração do samba”, fizemos uma considerável diferença no fomento da história do Samba de São Paulo. Assim podemos ter a certeza que o sentimento que nos invade é de que escrevemos com muito orgulho mais uma página na história do mais popular da Música Popular Brasileira, o nosso velho e bom Samba.
Neste sentido, fundamos a ASCSP – Associação dos Sambistas e Comunidades de Samba de São Paulo para unificar os diversos esforços de preservação sócio-cultural do Samba, aspecto fundamental para a identidade cultural e singularidade peculiar no Samba de São Paulo.
Após diversas reuniões, convergências e dirimindo as divergências, chegamos a um consenso, criamos esta que será a maior Associação de Sambista no Brasil.

Finalidades e objetivos gerais da ASCSP:

• Agregar militantes do Samba em todo o Estado.
• Unificar as ações políticas dos sambistas e Comunidades em todo o Estado.
• Desenvolver atividades sócio-culturais de integração e valorização do Samba de São Paulo
• Dar suporte técnico para desenvolvimento de projetos e organização corporativa para o processo auto-suficiência dos Sambistas e Comunidades.
• Intervir junto ao poder público para discutir as políticas públicas que possam dar maior visibilidade ao Samba de São Paulo.
• Ser o interlocutor em todas as negociações relacionadas ao Samba de São Paulo nas esferas pública e privada em âmbito Municipal, Estadual, Federal e Internacional.
• Dar suporte jurídico para que as comunidades possam se organizar em torno de uma ONG ou OSCIPE para que, com isso, possam concorrer em editais públicos, receber doações, patrocínios, etc.
• Intervir junto à Ordem dos músicos do Brasil (sede SP) para discutir propostas de inclusão dos músicos filiados à ASCSP no cadastro de benefícios cedidos apenas aos músicos com formação erudita.
• Intervir junto às associações arrecadadoras de direito autorais bem como o Ecad para fiscalizar o repasse dos direitos dos compositores filiados na ASCSP.
• Organizar campanhas e ações políticas para dar maior visibilidade às ações dos Sambistas e Comunidades de Samba em todo o Estado.
• Promover Shows e eventos que possam interligar os Sambista e Comunidades filiadas na ASCSP em todo o Estado.
• Criar uma rede de contatos entre sambistas e Comunidades em todo o Estado com a finalidade de intercambiar informações e experiências proporcionando, assim, inúmeras possibilidades de levarmos os Sambistas e Comunidades da capital para o interior e di interior para a capital.

Contudo, acreditamos ser possível estabelecermos uma nova ordem no desenvolvimento e na valorização do Samba bem como os Sambistas de São Paulo que, por muito tempo, ficou às margens do cenário artístico-musical em nosso Estado dando vez e voz, de forma involuntária e inconsciente, aos Sambistas de outras regiões do nosso País.
Acreditamos fielmente ser possível a inclusão de artistas, cantores e compositores de outras regiões do nosso país no cenário musical paulista, porém julgamos ser fundamental a presença e participação dos Sambistas e Comunidades de samba de São Paulo neste contexto haja vista o fato de que são eles os responsáveis exclusivos no processo de manutenção periódica do Samba em nosso rico e prospero Estado de São Paulo.


Da fundação:




ATA DE FUNDAÇÃO E ELEIÇÃO DE DIRETORIA DA
ASSOCIAÇÃO DOS SAMBISTAS E COMUNIDADES DE SAMBA DE SÃO PAULO (ASCSP)


Aos 18 dias do mês de maio do ano de dois mil e dez (2010), as 21.00h na Rua Rui Barbosa, 588, Bela Vista, São Paulo, quando já se faziam presentes as entidades sócias fundadoras abaixo relacionadas:

PROJETO CULTURAL SAMBA AUTENTICO, representada pelo Sr. Tadeu Augusto Matheus, brasileiro, músico e sociólogo, portador da cédula de identidade RG n. 23.188.871-5, inscrito no CPF/MF pelo n. 162.861.878-71, residente e domiciliado na Rua Domiciano Ribeiro, 930, Casa Verde São Paulo, São Paulo, CEP: 02565-090

ASSOCIAÇÃO CULTURAL COMUNIDADE SAMBA DA TENDA, representada pelo Sr Andre Vitorino da Silva Clementino de Souza, brasileiro, casado, músico, portador da cédula de identidade RG n. 28.841.290-4, inscrito no CPF/MF pelo n. 217.191.648-60, residente e domiciliado na Rua Professor Assis Veloso, 858, São Miguel, São Paulo, Capital, CEP: 08021-470.

ASSOCIAÇÃO CULTURAL COMUNIDADE PAGODE DO CAFOFO, representada pelo Sr. Wagner Francisco do Vale, brasileiro, solteiro, comerciante, portador da cédula de identidade RG 18.127.767-0, inscrito no CPF/MF pelo n. 081.960.418-61, residente e domiciliado na Rua Elza dos Anjos Neves, 245, Jardim Marília, São Paulo, Capital, CEP 03585-100:

GREMIO RECREATIVO CULTURAL SAMBA DE TODOS OS TEMPOS, representada pelo Sr. Marco Antonio Cardoso Pitombo, brasileiro, solteiro, músico, portador da cédula de identidade RG 27.979.729-1, inscrito no CPF/MF pelo n. 245.966.968-62, residente e domiciliado na Rua Jose Manuel Camisa Nova, 33, apto. 31B, Parque Santo Antonio, São Paulo, Capital, CEP 05822-015:

MOBILIZAÇÃO SOCIAL CULTURAL PAGODE DO SOBRADO, representada pelo Sr. Alisson Rodrigues Martins, brasileiro, casado, músico, portador da cédula de identidade RG 27.676.603-9, inscrito no CPF/MF pelo n. 280.520.088-83, residente e domiciliado na Avenida Tanque D’Arca, 2554, Cidade Soberana, Gurarulhos, São Paulo, CEP 07161-140:

PROJETO SOCIAL COMUNIDADE CANTO PRA VELHA GUARDA, representada pelo Sr. Daniel Lima dos Santos, brasileiro, solteiro, arte finalista, portador da cédula de identidade RG 44.301.217-9, inscrito no CPF/MF n. 226.557.368-00, residente e domiciliado na Rua Presidente Humberto de Alencar Castelo Branco, 3605, apto. 21a Vila Augusta, Guarulhos, SP CEP

COMUNIDADE SAMBA DA ALEGRIA, representada pelo Sr. Luiz Eduardo da Silva, brasileiro, solteiro, ajudante geral, portador da cédula de identidade RG 25.947.745-X, inscrito no CPF/MF pelo n. 260.997.448-51, residente e domiciliado na Rua Alegria, 314, Brás, São Paulo, Capital, CEP 03042-010:


JEMERSON RODRIGUES DE MOURA, brasileiro, solteiro, professor, portador da cédula de identidade RG 27.928.485-8, inscrito no CPF/MF pelo n. 288.970.318-54, residente e domiciliado na Rua Fernandes Pereira, 385, Artur Alvim, São Paulo, Capital, CEP 03565-000

EMERSON TOMAZ SEMENZIN, brasileiro, casado, músico, portador da cédula de identidade RG 22.089.313-5, inscrito no CPF/MF pelo n. 065.165.538-23, residente e domiciliado na Rua Angelo Aloisio, 67, Apto 76, São Paulo, Capital, CEP 02276-100.

ALEXANDRE BRITO SANTOS, brasileiro, solteiro, músico, portador da cédula de identidade RG 22.909.130-12, inscrito no CPF/MF pelo n. 193.476.128-12, residente e domiciliado na Rua Leonor de Castro Fernandes Beraldo, 25, Vila Nova Curuça, São Paulo, Capital.

Marcos Abrahão Gilberto, brasileiro, solteiro, Músico, portador da cédula de identidade RG 17.072.215-6, inscrito no CPF/MF pelo n. 142.489.088-83, residente e domiciliado na Rua Fernando Lona, 119, Jaçanã, São Paulo, Capital, CEP 02259-100
Foi realizada a assembléia de fundação e eleição da diretoria da ASSOCIAÇÃO DOS SAMBISTAS E COMUNIDADES DE SAMBA DE SÃO PAULO (ASCSP) entidade de direito privado, sem fins lucrativos, obedecendo a ordem do dia, para a qual fora convocada com o seguinte teor:

a) discussão e aprovação do estatuto social;
b) eleição da Diretoria biênio 2010 – 2012;
c) eleição do Conselho Fiscal biênio 2010 – 2012.

Iniciando-se os trabalhos, foi convidado para presidir a assembléia, por aclamação, o senhor Tadeu Augusto Matheus que, aceitando o encargo, convidou o senhor Camilo Augusto Neto para secretariá-lo. Depois de apresentar algumas considerações sobre o objetivo social da entidade o presidente da assembléia submeteu-se o Projeto do Estatuto Social, artigo por artigo, à apreciação e discussão e, em seguida, à sua votação, sendo, ao final aprovado por unanimidade, sem emendas ou modificações, conforme consta de documento em anexo, assinado pelos presentes. Depois de aprovado o Estatuto Social da da ASSOCIAÇÃO DOS SAMBISTAS E COMUNIDADES DE SAMBA DE SÃO PAULO (ASCSP), passou-se à Eleição da Diretoria Executiva e Conselho Fiscal para o Biênio 2010 - 2012. Após indicações de candidatos foi procedida a eleição. Apurados os votos foram eleitos: Diretor Presidente: Tadeu A. Matheus (T. Kaçula); Diretor Vice-Presidente Sr. Alisson Rodrigues; Diretor Financeiro: Emerson Thomaz (Emerson Urso) e Diretor Secretário Daniel dos Santos. Foram eleitos ainda os membros do Conselho Fiscal a saber: (três pessoas - nome e qualificação). Nada mais havendo a tratar, o secretário dos trabalhos lavrou a presente ata que, em seguida, foi assinada pelos fundadores presentes. A seguir o presidente da mesa encerrou os trabalhos, determinando que a presente ata de constituição da Sociedade Civil e seu Estatuto Social sejam devidamente registrados para as finalidades de direito.

São Paulo, 18 de maio de 2010.





terça-feira, 29 de março de 2011

Se tem dinheiro vai, se não tem que fique aí!

É impressionante como as informações desencontradas podem ocasionar uma deturpação arquitetada por conta do narcisismo e vaidades que dominam uma pequena parcela de nossa sociedade. As apropriações indébitas e segmentaríamos envolvendo uma das mais importantes manifestações culturais do nosso país preocupa e abre enormes precedentes para discutirmos pautas muitas vezes esquecidas como “manipulação” política e alienação social por meio de veículos de comunicação de massa. Sabemos que o Carnaval é uma das maiores manifestações culturais do mundo e, aliado ao samba no Brasil, se transformou em um dos maiores espetáculos da terra. Em São Paulo, o Carnaval teve uma influência fundamental do Samba Rural ou Samba de Bumbo que sempre teve como referência ancestral e força motriz a Cidade de Pirapora do bom Jesus por todo seu aspecto de tradicionalidade e referência por ser considerada a Cidade “célula mãe” do samba paulista. No ultimo carnaval, a Cidade de Pirapora do Bom Jesus, através de sua Secretaria de Turismo e Cultura, organizou uma agenda cultural para os três dias de carnaval onde, na ocasião, as atividades musicais seriam desenvolvidas por seis comunidades de samba de São Paulo que, de prontidão, aceitaram o convite para desenvolverem suas ações culturais sem mesmo pensar em repasse de orçamentos para que as atividades pudessem se realizar. Por uma questão de logística, e só por este motivo, a realização das atividades foram suspensas e remanejadas para uma nova data onde os parceiros que se prontificaram voluntariamente para o desenvolvimento cultural e musical da mesma já confirmaram presença. Quando nos deparamos com ações conscientemente articuladas e politicamente arquitetadas por parte de algumas lideranças formadoras de opinião, percebemos claramente que os fundamentos intelectuais do grande pensador Karl Marx se fazem presente quando observamos que, o principal motivo de uma pequena parcela de nossa sociedade fazer apontamentos positivos quando são convenientes ao seu próprio interesse e apontamentos negativos às ações de interesse popular, estão preocupados única e exclusivamente com “O Capital”. Outros assumem o papel de crítico por conveniência ou mesmo por interesses políticos e, chegamos até a lembrar uma moda que faz parte da história cultural da cidade de Pirapora que diz: “Oi Pirapora oi Barueri, quem tem dinheiro vai, que não tem que fique aí”, mas no caso desses simpáticos visitantes, a moda deveria ser: “Oi Pirapora oi Barueri, “se” tem dinheiro vai, “se” não tem que fique aí”. Chega até parecer que uma das mais conhecidas máximas populares se encaixa perfeitamente com o fato em questão que diz: pagando bem, que mal tem! Um lugar comum, uma região de conforto. Contudo, acreditamos ser possível a realização de diversas ações sócio-político-culturais que venham convergir com os interesses da maioria menos favorecidas que, visivelmente está desde gestões anteriores carentes de políticas públicas na esfera cultural. Percebemos nitidamente os esforços da atual gestão em dialogar de perto com os ativistas culturais e fomentadores da história e da memória política tanto do samba, quanto da peculiaridade e ruralidade que faz de Pirapora não apenas a Cidade merecidamente conhecida por ser a matriz do Samba paulista como, também, a Cidade dos milagres e, acompanhando as ações e empenho desprendidos pelos atuais gestores, podemos dizer literalmente que em Pirapora milagres acontecem!


Patak, Ori.


Asè!


T. Kaçula.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

13 de Maio ou 1º de Abril?

São Paulo, 20 de Novembro de 2009.

Mas para a população negra, o samba e os sambistas de São Paulo, quando o assunto é discutir junto ao poder público a valorização da cultura Afro-brasileira, a data não sai do: São Paulo, 13 de Maio de 1888”.

É incrível como a sociedade elitista da maior cidade da América Latina ainda se comporta de forma não sociável com as culturas periféricas que fazem de São Paulo um “terreiro” fecundo e repleto de manifestações que, a cada dia, reafirmam o âmbito de nossa cidade como a nova capital do Samba.

As diversas organizações instaladas nas mais longínquas regiões periféricas da cidade de São Paulo e região mostram uma capacidade peculiar de resistência étnico-cultural que vai além da preservação da história do samba. Essas organizações trazem consigo uma movimentação político-social que, vai desde um simples discurso acerca da importância da atuação de cada individuo do seu meio social, a mobilizações de arrecadação de alimentos e agasalhos para doarem para entidades filantrópicas.

É impressionante como a elite paulista faz questão de não ver e nem criar mecanismos que possibilitem dar visibilidade para essas iniciativas, pois essas ações contribuem e muito para que os ativistas culturais periféricos consigam promover uma série de ações relacionadas à inclusão social e preservação cultural em vários aspectos.

Quando vejo as várias iniciativas organizadas nos quatro cantos periféricos da Cidade de São Paulo, relembro o texto sobre “movimento de massa e movimento social” do autor Francês Le Bom que discute uma temática muito interessante e mostra a importância de um movimento social para a organização de uma determinada parcela de nossa sociedade. Vejo claramente as comunidades de samba de São Paulo se organizarem em torno de uma luta sócio-cultural e se articulando como um movimento social tendo em vista as diversas lutas pacíficas em busca da valorização e preservação da história e da memória do samba em todo o Estado.

É fato que a elite demonstra um real desinteresse sobre os valores culturais principalmente os de matriz africana, porem, baseando-se no grande autor e filósofo Émile Durkheim no texto que discute “O Fato Social”, é mais que absoluto afirmar que hoje em dia o Samba se tornou não apenas uma manifestação cultural, mas sim, um dos mais importantes fatos sociais existentes em nossa sociedade.

Ouvimos há anos a pequena parcela elitista de nossa sociedade discursando a respeito de temas relacionados à sociabilidade e igualdade social das diferentes classes sociais, infelizmente, existentes em nossa sociedade. Um discurso rasteiro e enganoso que carregam claras intenções e motivações políticas com a finalidade única de fazer a manutenção desse modelo de desigualdade que historicamente assolam nossas vidas.
O dia 1 de Abril popularmente conhecido como o dia da mentira, está a cada dia, cada mês e cada ano perdendo seus aspectos lúdicos para protagonizar de forma efetiva, não apenas o próprio dia já popularmente conhecido, mas também, no dia-a-dia dos atores que representam a maior parcela de nossa sociedade, os nobres “guerreiros urbanos periféricos” que mesmo com todas as dificuldades de promover as ações sócio-culturais nas diferentes regiões de nossa metrópole, ainda assim acreditam ser possível construir uma sociedade melhor e mais igualitária.
Tenho a certeza de que o nosso velho e bom Samba muito em breve estará no mais alto patamar de reconhecimento e merecimento por todos os anos de histórias e resistências contra maus ditos que a sociedade elitista sempre fez questão de reproduzir como sendo uma atividade marginal e coisa de “preto” desocupado. São ações como as dos sambistas que representam as diversas comunidades e escolas de samba existentes em toda região de nossa metrópole que faz com que as culturas de matriz africana se fortaleçam e conquiste adeptos que tem o entendimento de militar em defesa da democracia social e cultural que são aspectos fundamentais para a consolidação dos anseios da sociedade periférica.

Quem sabe assim possamos mudar o dia 1de Abril popularmente conhecido como o dia da mentira para o dia 13 de maio que, sem sombra de dúvidas, é o verdadeiro e popularmente menos reconhecido como o dia da mentira.

Patak, Ori.
Asè!

T. Kaçula.