domingo, 6 de fevereiro de 2011

13 de Maio ou 1º de Abril?

São Paulo, 20 de Novembro de 2009.

Mas para a população negra, o samba e os sambistas de São Paulo, quando o assunto é discutir junto ao poder público a valorização da cultura Afro-brasileira, a data não sai do: São Paulo, 13 de Maio de 1888”.

É incrível como a sociedade elitista da maior cidade da América Latina ainda se comporta de forma não sociável com as culturas periféricas que fazem de São Paulo um “terreiro” fecundo e repleto de manifestações que, a cada dia, reafirmam o âmbito de nossa cidade como a nova capital do Samba.

As diversas organizações instaladas nas mais longínquas regiões periféricas da cidade de São Paulo e região mostram uma capacidade peculiar de resistência étnico-cultural que vai além da preservação da história do samba. Essas organizações trazem consigo uma movimentação político-social que, vai desde um simples discurso acerca da importância da atuação de cada individuo do seu meio social, a mobilizações de arrecadação de alimentos e agasalhos para doarem para entidades filantrópicas.

É impressionante como a elite paulista faz questão de não ver e nem criar mecanismos que possibilitem dar visibilidade para essas iniciativas, pois essas ações contribuem e muito para que os ativistas culturais periféricos consigam promover uma série de ações relacionadas à inclusão social e preservação cultural em vários aspectos.

Quando vejo as várias iniciativas organizadas nos quatro cantos periféricos da Cidade de São Paulo, relembro o texto sobre “movimento de massa e movimento social” do autor Francês Le Bom que discute uma temática muito interessante e mostra a importância de um movimento social para a organização de uma determinada parcela de nossa sociedade. Vejo claramente as comunidades de samba de São Paulo se organizarem em torno de uma luta sócio-cultural e se articulando como um movimento social tendo em vista as diversas lutas pacíficas em busca da valorização e preservação da história e da memória do samba em todo o Estado.

É fato que a elite demonstra um real desinteresse sobre os valores culturais principalmente os de matriz africana, porem, baseando-se no grande autor e filósofo Émile Durkheim no texto que discute “O Fato Social”, é mais que absoluto afirmar que hoje em dia o Samba se tornou não apenas uma manifestação cultural, mas sim, um dos mais importantes fatos sociais existentes em nossa sociedade.

Ouvimos há anos a pequena parcela elitista de nossa sociedade discursando a respeito de temas relacionados à sociabilidade e igualdade social das diferentes classes sociais, infelizmente, existentes em nossa sociedade. Um discurso rasteiro e enganoso que carregam claras intenções e motivações políticas com a finalidade única de fazer a manutenção desse modelo de desigualdade que historicamente assolam nossas vidas.
O dia 1 de Abril popularmente conhecido como o dia da mentira, está a cada dia, cada mês e cada ano perdendo seus aspectos lúdicos para protagonizar de forma efetiva, não apenas o próprio dia já popularmente conhecido, mas também, no dia-a-dia dos atores que representam a maior parcela de nossa sociedade, os nobres “guerreiros urbanos periféricos” que mesmo com todas as dificuldades de promover as ações sócio-culturais nas diferentes regiões de nossa metrópole, ainda assim acreditam ser possível construir uma sociedade melhor e mais igualitária.
Tenho a certeza de que o nosso velho e bom Samba muito em breve estará no mais alto patamar de reconhecimento e merecimento por todos os anos de histórias e resistências contra maus ditos que a sociedade elitista sempre fez questão de reproduzir como sendo uma atividade marginal e coisa de “preto” desocupado. São ações como as dos sambistas que representam as diversas comunidades e escolas de samba existentes em toda região de nossa metrópole que faz com que as culturas de matriz africana se fortaleçam e conquiste adeptos que tem o entendimento de militar em defesa da democracia social e cultural que são aspectos fundamentais para a consolidação dos anseios da sociedade periférica.

Quem sabe assim possamos mudar o dia 1de Abril popularmente conhecido como o dia da mentira para o dia 13 de maio que, sem sombra de dúvidas, é o verdadeiro e popularmente menos reconhecido como o dia da mentira.

Patak, Ori.
Asè!

T. Kaçula.

2 comentários:

  1. Opá é isso mesmo meu amigo, é disso que todos nós precisamos as vezes ouvir a verdade, nada de fazer carinho passar a mão na cabeça...


    Abraços!!! Francis Samba Jorge.

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  2. Pois é Kaçula infelizment vivemos numa sociedade onde cada um vê o que quer ver e faz questão de ignorar todo o resto..a quem diga que o tempo cura tudo, eu diria quase tudo..ele não cura a falta de respeito pelo próximo e nem a falta de humanindade.

    Abçs
    Sol

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